Há décadas atrás, trabalhando na Caixa Econômica Federal, era comum escutar a afirmação: "O pivô da corrupção neste país são as empreiteiras".
Agora aparece esta lista da Odebrecht, para confirmar o que para muitos era evidente. As empreiteiras sempre foram a mola mestra de todos os esquemas de troca de favores, conhecidos como propinas.
Para atuar no mercado, com grande margem de lucros, as empreiteiras desenvolveram a prática de pagar propina aos políticos, e os mesmos, para ter como financiar suas campanhas, usavam as empreiteiras como sua fonte primordial de recursos.
Depois dessa grave revelação pode ser que finalmente os brasileiros em geral venham a compreender que a forma antiga de se fazer política neste país, o financiamento privado de campanha, era a porta de entrada para todos os conseguintes esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro.
Nunca foi exclusividade de um único partido, como quiseram fazer parecer. Mas um esquema generalizado, um câncer disseminado, que prejudica os interesses da população, pois acaba por fazer os políticos, eleitos pelo voto popular, passarem a atuar como servos dessa máquina financeira abusiva.
A lista da Odebrecht veio a demonstrar como todos os partidos e todos os políticos sempre se locupletaram nessa prática, que de tão comum, muitos esqueciam o tamanho da ilegalidade.
O fim do financiamento empresarial de campanha foi uma das grandes conquistas do nosso sistema político. Mas vale salientar que quem atua na ilicitude está habituado à prática de caixa dois, portanto, partidos políticos que se esmeram nessa relação de "toma lá, dá cá" podem perfeitamente ter a ousadia de continuar abusando desse modus operandi, para driblar a nova conjuntura do sistema eleitoral brasileiro.
Os governos comprometidos com o combate à corrupção devem aperfeiçoar os mecanismos de controle e transparência, para evitar que alguns se beneficiem de tais esquemas, numa luta desigual que prejudica o bem comum.
