terça-feira, 18 de novembro de 2014

JANOT E O GOLPE ELEITORAL

“Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não teria compromisso de homologar a delação.”

Rodrigo Janot, Procurador Geral da República, em entrevista para a Folha de São Paulo.

Esta declaração é o que faltava para esclarecer publicamente, a partir de uma fonte destacada no contexto federativo, que efetivamente houve o intuito de desestabilizar a candidatura da presidenta, por parte da mídia e do PSDB.

Houve vazamentos seletivos, e em certo caso a mentira, tida como declaração incontestável, publicada na capa de uma das revistas de maior circulação do país.

Houve tentativa de golpe, manipulação, e toda uma série de estratégias  inconstitucionais que visavam manchar a imagem de uma candidata, para que, usando de tais artifícios desonestos, o PSDB pudesse retornar ao poder.

Por isto nós vemos que de fato em se tratando do modo de atuação, o PSDB se mostra como um partido que precisa ser combatido. Se até para vencer uma eleição usa de artifícios golpistas, que dizer do que é capaz de fazer quando está no poder, com capacidade para atuar com maior desenvoltura, dentro da ilicitude?

Fica evidente também, isto tem que ficar claro para a maior parte da população, que a grande mídia, que representa o capital privado, tem um compromisso com a direita e com todas as artimanhas que uma mídia é capaz de fazer uso para influenciar a vontade soberana do eleitorado.

Em nome da justiça é preciso tomar providências, tanto contra o crime eleitoral praticado contra a presidente eleita, na manipulação exercida pelos meios de comunicação e o PSDB, quanto para evitar que tais práticas se repitam num futuro próximo.

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Não podemos permitir que o nosso país continue a ser vítima dessa falta de respeito com a população, onde se considera que as mentes podem ser conduzidas como gado para dentro do abatedouro.

É preciso sim criar um órgão de fiscalização e controle da mídia, não para censurar, mas para coibir abusos contra as pessoas físicas e jurídicas.

É preciso que, de uma vez por todas, as leis passem a ser respeitadas e cumpridas, de acordo com o tamanho dos crimes cometidos por aqueles que abusam da boa fé dos brasileiros.

Não podemos mais permitir que um golpismo descarado, constatado e denunciado inclusive por pessoas de destaque como o Procurador Geral da República, passe impune.
Além desse, o ministro do STF e do TSE, Marco Aurélio também andou recitando: "Numa caminhada eleitoral visando o sucesso não cabe golpe baixo. Nós temos que disputar observando a ordem jurídica, os parâmetros fixados por essa ordem jurídica. É assim que se avança culturalmente.” Esta declaração foi dita em um outro contexto, mas se aplica perfeitamente à questão do crime eleitoral apontado pelo Procurador Janot.

Será então que ainda teremos de suportar por tempo indeterminado o abuso do poder midiático numa atuação covarde contra a opinião pública?

Será que os que detêm o oligopólio da informação continuarão a passar o rolo compressor sobre os direitos civis, sobre as leis específicas do processo eleitoral e sobre as regras da constituição federal, sem receberem sequer uma multa por nenhuma das irregularidades cometidas?

Se queremos transformar o Brasil em um país sem impunidade, então a punição também deve chegar com força aos órgãos da imprensa que articularam para prejudicar a mais sagrada instituição democrática, a decisão do eleitor sobre o seu próprio voto.